terça-feira, 4 de setembro de 2007

se eu fumasse, acenderia um cigarro!




Você já reparou, que o cigarro serve pra tudo? Um para depois do almoço, "nossa, to cheio, vou ali fumar um cigarro". Outro para adiar a fome, "dá tempo de fumar um cigarrinho?". E quando a pessoa trava, não consegue fazer mais nada no trabalho, "Rodolfo, num ta saindo nada, o que eu faço?" "Vai lá fora Jucimara, toma um ar, fuma um cigarro e volta pra cá terminar de escrever esse texto."

Se estiver nervoso, se estiver cansado, se estiver ancioso, ou se não estiver com nada. Ele te ajuda, só ele salva.

É. Deus existe e Ele é um cigarro. Antes de sair de casa, pegue seu dízimo, compre um maço e faça o sinal da Souza Cruz. Pronto, bem vindo ao grupo, bem vindo a nossa religião.

"Que você se apóie no próximo. No próximo cigarro" disse um dos apóstolos. "E que o senhor esteja entre noz, amendoim, cerveja e tudo mais que um bar possa oferecer"
Amém!

domingo, 2 de setembro de 2007

o texto é curto, mas o peixe é grande!

"se um peixe-dourado é mantido num pequeno aquário ou compartimento, ele não crescerá. E que com mais espaço, este ser pode dobrar, triplicar e até mesmo quadruplicar seu tamanho". (filme peixe grande)



Era um garoto de interior, que respirava terra roxa, e cuspia no chão só pra ver a água encontrar o sertão. Num desses dias de castigo, na falta de televisão, comecei a assistir ao forno, como um cachorro que assiste ao frango que roda, e que nunca será seu. Lá dentro, um bolo crescia, era aniversário de Henrique, crescia até encontrar a falta de fermento, a falta de espaço na fôrma de metal. Notei ali, inocentemente, que as coisas em geral, cresciam conforme o espaço ao seu redor, conforme o próximo.

Uma planta só não é uma árvore por questão de vaso, concluí anos depois. Pensei também que se as coisas pudessem, não só crescer, mais também florir, seria lucro, seria lindo.

Depois de pensar, pensar e pensar, vi um botão de rosa brotar. Era o meu bolo, querendo pular fora da fôrma. Percebi que dali do sertão, já não se tirava mais suco. Comecei a desejar coisas que eu não tinha, coisas que eu não via. Queria o desafio, as alturas, o tombo, a dor, o tubarão, o leão, e tudo o mais que a selva de pedra poderia me oferecer.

Chegando na capital, um pepino do mar veio me receber, oferecendo diversas fôrmas, de diversos tamanhos e estereótipos. Recusei de cara, mesmo porque ainda não tinha peito, não tinha respeito, fermento e nem dinheiro pra desejar tanto.

Ralei, ralei, ralei. Coco, farinha, ovo, açúcar e achocolatado, eram pouco pro bolo que queria fazer. E não vá pensando que no final, depois de ter ralado, eu fiquei rico, famoso, com o carro do ano e com uma casa no Morumbi, mesmo porque enquanto “conto” esse conto ainda respiro, ainda to no meio dessa cadeia alimentar. O que me deixa esperançoso e pleno é saber que as oportunidades rondam meu novo lar. Aqui a fôrma é grande e bela. Agora se o bolo vai crescer até a borda, já é outra história.